COISAS DE ARLINDO

COISAS DE ARLINDO
Falam-me demais que devo ser feliz. Quase me forçam, só faltam me jogar no mar da felicidade... E se me jogassem eu deixaria.

domingo, 25 de setembro de 2011

Aquele que desde pequeno já era gigante

E ele veio. Amigo da família mesmo sem saber atreveu-se a tocar o belo cravo que ali, na sala branca, espaçosa e confortável havia. Estava no centro da sala. A dona da casa olhava com atenção ao lado de sua filha e do seu pequenino que estava em seus braços. O pequenino de apenas três anos de idade que até então sorria em vê-lo. Então chega à hora... Ao colocar os dedos nas teclas delicadas do instrumento eis que soa nos tímpanos afiados da simples família um som sem muita técnica que mesmo sendo acompanhado com a santa partitura ainda desafinava. E junto a este som um choro. “Meu pequenino, não chore...” disse a doce mãe. O menino não parava de chorar, mas não por que estava com fome ou algo do tipo. Não era fome! Era o som mal feito pelos dedos sem treino do homem da sala. Era impressionante a capacidade de percepção musical daquela criança. Ao crescer junto de sua irmã foi aperfeiçoando o seu raro talento sempre aos olhos de seu pai, homem enlouquecido pela música que dificilmente conseguia corrigi-lo.
Além dos cravos tocados e de já sinfonias, óperas e concertos preparados também tocava o violino com olhos vendados e mesmo assim aquele simples pedaço de pano não atrapalhava a delicadeza, a sensibilidade, o sentimento de cada movimento feito por seus braços sobre o delicado instrumento. Até parece que escuto aquelas notas e olho os rostos de satisfeitos de quem o assiste. Impressionados ficavam! Afinal era o fenômeno, o menino músico aquele que a multidão enfurecida, empurrando umas as outras lutavam com vontade de vê-lo... “Mas como tão juvenil e ainda com todo este talento?” diziam. Estás vendo caro Senhor? Estás percebendo o quanto eras importante?
Ao ser chamado pela corte, já mais amadurecido era invejado, adorado por suas músicas com técnica difícil. Música que ora era engraçada, triste, feliz, ora também romântica... Música que simplesmente tocavam os corações, que fazia arrepiar. Que trazia o cantor, criatura de pura vaidade a um treino que somente de paulatina forma poderiam se desenvolver para serem efetuadas. Algumas de expressões extremas, da mais tenebrosa como a rainha da noite com seus agudos enfurecidos até o bondoso Zarastro que com seus graves arrepiantes nos impressiona com o baixo profundo, do coração da raptada Konztanze e outras personagens das suas mais de seiscentas obras que ainda hoje são apresentadas!
Aos trinta e cinco anos foi-se e deixou o mundo. Porque se ele poderia ter feito muito mais? Se com trinta e cinco se tornou um dos mais influentes músicos da história com quantos se tornaria o maior? Homem inteligente, criativo, talentoso, que contribuiu para a Arte da Música que constituiu família, que viveu tão pouco, mas tão pouco e mesmo assim construiu uma vida inteira. Eu humildemente faço minha despedida aqui neste fim de texto escutando o teu Riquiem, na mais bela interpretação de Lacrimosa onde o coro clama por piedade e meu coração clama por tua música e a escuto e novamente... E assim continuo sempre!

Ao grandioso W. A. MOZART
(Arlindo Cardoso)

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