COISAS DE ARLINDO

COISAS DE ARLINDO
Falam-me demais que devo ser feliz. Quase me forçam, só faltam me jogar no mar da felicidade... E se me jogassem eu deixaria.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A tua face

Apenas isso é suficiente para saciar a minha feroz vontade.
Apenas isso suporta esse peso do meu coração.
Apenas isso, um toque em ti me faz tremer as pernas.
Controlo-me constantemente ao teu lado para não expressar o que sinto.
Confirmo ainda mais que o teu sorriso é singular, que a tua boca foi feita com carinho,
Que as tuas mãos, os teus dedos, cada parte do seu corpo foi pensado para ser perfeito.
Eu não consigo parar de pensar em você, em querer te ver, te ter...
Ah se soubesses que o que sinto por ti, nem os mais sábios homens poderiam explicar.
Quando penso em não te querer, parece que te quero mais.
Quando penso que você não pode existir pra mim, mais próxima você fica.
E mais que isso é aquele cheiro que nem a mais bela rosa sonharia em ter,
Nem ser ou criatura alguma, nem perfume algum poderia ser comparável.
Já que não posso ficar contigo meu amor, me deixa viver, me deixa amar a mim mesmo.
Deixa-me ser livre desse sentimento que não pode ser chamado de amor.
Afinal, o amor escraviza? Prende tanto assim o coração?
Já sinto saudades de quando olhava para ti como uma simples amiga,
Como a mais singela e sincera delas. Como amiga apenas...
Já tenho saudades de quando eu conseguia pensar no mundo e não apenas em ti.
Aquele toque... Aquele simples toque fez a minha alma, o meu espírito falar coisas
Que jamais foram ditas antes. Minha pupila dilata só de pensar em você.
É como se tudo dentro de mim entrasse em uma perfeita comunhão,
Como se meu intelecto absorvesse apenas as mais belas palavras de amor.
O carinho que sinto por você é o mesmo que a do simples trovador por sua canção,
Como o joalheiro tem ao lapidar um diamante, como o jardineiro com suas plantinhas.
Quando escrevo sobre ti, seu rosto me vem em mente, seu lindo rosto fixa em minha visão.
Cobre tudo ao meu redor e parece que só vejo você.
Vejo esta face que não me deixa continuar mais, que me faz escrever até não ter mais nada,
Até não ter o que escrever, nem sobre ti, nem sobre o amor, nem sobre o nada.
Quero escrever sobre outros, sobre o resto, mas por mais que eu tente essa tua bela face
Ainda faz transbordar novamente esse caldeirão de sentimentos.
Esse caldeirão que nunca seca, que nunca baixa o nível, apenas transborda...
Minhas mãos suam, minha pele esfria, mordo os lábios, olho para o corpo do nada
E de lá é que tu permaneces, insiste em ficar lá para que eu possa apenas pensar em ti.
E já não sei se esse amor me traz paz ou a mais profunda agonia.
Por mais que eu me esconda, fuja, corra, grite, chore, não adianta... Não consigo te esquecer,
Não consigo tirar essa tua face que infelizmente não quero chamar de maldita.
Infelizmente porque ao mesmo tempo em que não te quero, me contrario
E você se conserva em mim: o teu jeito, o teu sorriso, a tua delicadeza...
Não posso negar o meu amor, nem se eu enfrentasse o mais afiado cutelo não poderia negar.
E depois disso tudo eu fico como nas outras vezes: a não ter mais o que pensar.
E novamente nem no amor, nem em ti, apenas a sua face, na tua belíssima face que não sai de mim.
(Arlindo Cardoso)

Um comentário:

  1. Vou chorar T_T POXA, VIDA!
    Cara, você escreve demais. Dá pra sentir cada palavra, cada sentimento, cada angústia e dói, você é profundo a esse ponto!

    Muito lindo, parabéns!

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