Normais demais

Nunca parei pra pensar na importância da alma.

A importância de um coração batendo, do sangue nas veias, de ter um corpo.

Quantas vezes eu pensei: O que eu seria se não fosse um ser humano?

Seria um animal? Seria um pouquinho do vento que cobre as pessoas?

Seria uma ave para voar por todo o céu? Seria alguma coisa?

E se eu não fosse? Como seria? Isso me deixa paranóico.

São meus momentos de loucura. E muitos me criticam por isso.

Não sei por que criticam, mas entendo o porquê de criticar.

É que para nós, para nossa cultura não é normal pensar,

Nem tentar imaginar como fomos criados e como estamos aqui.

Como o mundo realmente se formou e como consegue se conservar.

E se pensarmos direito não é que pensar nisso não seja normal,

Mas na verdade é que somos normais demais.

Quando vejo o céu, me pergunto como Deus o colocou ali e como o fez,

E neste simples olhar eu sei o quanto Ele é poderoso.

É que estamos tão acostumados com o céu que nem o admiramos mais.

E aí é que eu percebo o quanto somos ínfimos em relação à grandeza de Deus e do mundo.

Mesmo sem saber o valor de tudo ao nosso redor gostamos de dilapidar.

O mundo é como se fosse uma peça de teatro, onde somos os pérfidos personagens,

Onde quase não existem bonzinhos. Onde o mundo é o mais tênue personagem.

Eu imploro que essa peça mude de sentido, mude de direção.

Porque assim não dá pra continuar. Aos poucos estamos perdendo o sentido de humanidade.

Perdendo a personalidade e acabamos ficando como insolentes e tristes.

Devemos parar de falar e começarmos a agir.

Se o mundo será melhor ou não só depende de nós. O que não dá é sermos “normais” até o fim.

(Arlindo Cardoso)