Quando fico só penso na minha infância, nos sorrisos, nos olhos, na pele, nos jeitos... Na minha triste vida. Das pessoas que passaram por mim. Das que eu amei, das que não amei, das que me amaram, das que disseram que me amaram... Das que me entreguei. Das que eu entreguei meu espírito, minha alma, meu coração, das que eu entreguei o meu EU. Lembro-me do que já fiz, do que não fiz, do que ainda tenho que fazer e do que deixei de fazer... Ai meu Deus... Do que deixei de fazer... E o que deixei foram tantas coisas que nem sei. E na minha mente, ao som grave que me destrói agora, se misturam as lembranças do princípio, da velhice, do meu coração. Das lembranças que ficam lá, bem lá no fundo, naquele lugar que só nos profundos momentos de reflexão ficam tão claras que me faz ter ódio, carinho, amor, paixão, raiva de mim mesmo, dos que comigo estavam, do mundo. O meu coração está frágil, está quieto, está indo... Minha alma já não é mais transparente comigo mesmo. O nada me consome, o nada entra em mim e me transforma igual a ele. Torna-me igual o que ele quer ser, faz ser o que já não existe. Faz-me ficar sem sentidos, me faz regredir, regredir...
Já escrevo com a força da angústia que me faz derramar lágrimas, mas lágrimas tão pesadas, tão cortantes, tão dramáticas, tão exageradas que meu rosto fica como se fosse um reflexo do medo, da solidão, da tristeza, da mais obscura tristeza que se possa conhecer. E eu não sei por quê... Apenas me entrego a este sentimento que nada de bom me traz. Mas tanto faz se já nem sei o que é ser bom, o que realmente tem valor, o que realmente... Realmente importa.
E neste simples instante reflito novamente e minha mente ociosa clama... clama por tudo! Amor, amor, amor. vida, vida, vida, alma, alma... A minha própria alma que nem a encontro dentro de mim mesmo. Descanso, e lembro que o nada ainda está aqui, me atormentando, me fazendo evoluir nos seus “quereres”. Ah.... Maldito! Maldito de mim mesmo! Minhas próprias ações, meus deveres, minha própria loucura que me faz sentar e escrever este momento tão desagradável que se passa, toda essa destruição de sonhos... Esse mais triste desabafo. Esse corroer do que de tão pouco já existia. Desse tão pouco...
Arlindo Cardoso
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